quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cientistas da Unifesp avançam nas pesquisas do dente biológico



Não é ficção científica. Menos ainda um sonho de uma noite de verão. O Brasil pode ser o primeiro País do mundo a criar dentes biológicos, produzidos a partir de células troncos adultas. Estudos iniciados em 2001 por cientistas brasileiros e estadunidenses indicam que, no máximo em dois anos, já será possível substituir um dente humano por outro, mantendo as mesmas características do anterior e sem risco de ser rejeitado pelo organismo.
A façanha, que permite o desenvolvimento de um substituto biológico de dentes humanos, já foi testada com êxito, inúmeras vezes, em ratos – dentes primitivos foram gerados na mandíbula desses mamíferos através da engenharia de tecidos. Testes em humanos começam a ser feitos até o final do ano, máximo no primeiro trimestre de 2008, segundo garantem  os especialistas. Um banco de voluntários já está sendo formado para as primeiras experimentações, que imaginam-se vitoriosas.
Trata-se de uma verdadeira revolução no campo odontológico – o desenvolvimento de um dente completo, com osso e cartilagem, gerados a partir de tecidos e órgãos biologicamente iguais e compatíveis com os seres humanos. O Journal of Dental Research, considerado uma bíblia para os odontólogos em todo o mundo, relata que os bons resultados obtidos com o processo também em outros tipos de mamíferos – porcos, especialmente – indicam que haverá sucesso similar com dentes humanos.
No Brasil, na linha de ponta, está o casal Monica e Silvio Dualibi, da Universidade Federal de São Paulo – que, juntamente com a pesquisadora Pamela Yelick, do Fosyuth Institute, ligado a Universidade de Harvard, nos EUA, iniciaram os estudos, há cerca de seis anos, para gerar dentes a partir de células troncos. A não opção dos estudiosos por células embrionárias agilizou as pesquisas. Evitou-se, assim, questões de ordem ética e religiosa, que poderiam empacar as experimentações. Mais: o uso de células adultas, preferencialment e do próprio receptor, reduz a quase zero um dos principais ! riscos d os implantes: a rejeição que poderia advir pela reação do sistema  imunológico.
No Brasil, a experimentação em seres humanos, se bem sucedida, como se espera em meio a sociedade científica, será de fundamental valia na questão da saúde pública. O Brasil, como se sabe, lidera o ranking mundial de desdentados – são 50 milhões de edêntulos, segundo a Organização Mundial de Saúde. As opções atualmente existentes para suprir a ausência de dentição – as populares dentaduras, com efeitos danosos, já que provocam atrofia óssea maxilar, ou o sofisticado método de implante, inacessível a maioria da população – realçam a importância da regeneração dentária via célula tronco.
Os especialistas brasileiros surpreenderam a comunidade científica internacional por conta dos avanços no desenvolvimento da técnica para o uso em pessoas. Mesmo com verbas precárias, inicialmente, conseguiram agora, com incentivo de agência internacional de fomento – comenta-se que cerca de US$ 3,5 milhões teriam sido injetados no projeto – entender como se dá o processo que permite construir um dente completo. Aí entendido, além da coroa, a geração de estruturas de suporte – ligamentos, osso alveolar e o cemento radicular, uma espécie de tecido mineralizado, que garante a sustentação do dente no lugar.
É o Brasil em primeiro lugar no quesito da nova e revolucionária dentição.

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